Sabe aquela sensação de que, por mais que você se esforce, o dia acaba e parece que nada foi suficiente? O ciclo se repete: você entrega, responde, participa, cumpre… mas a satisfação não chega. Aos poucos, o peso das tarefas vai se acumulando, não pelo volume, mas porque parecem não fazer mais sentido.
Esse é o retrato silencioso de um fenômeno cada vez mais presente no mercado de trabalho: o burn-on. Um estado de desgaste emocional contínuo, onde o profissional mantém a produtividade, segue “funcionando bem” aos olhos da organização, mas, internamente, está exaurido e desconectado de si mesmo.
Diferente do burnout, que paralisa, o burn-on mantém o corpo em movimento, mas a mente e o emocional operam em modo de sobrevivência.
Por que o Burn-on é tão comum em ambientes de alta performance?
Na maioria dos casos, esse esgotamento não está ligado apenas à carga de trabalho, mas ao desalinhamento entre o que se faz e o que se é.
Quando o profissional passa tempo demais desempenhando tarefas que não conversam com seus interesses, seus talentos naturais ou mesmo seu propósito, o esforço se torna maior do que a recompensa emocional.
É como se, todos os dias, a pessoa precisasse vestir um papel que não cabe mais, ou que talvez nunca tenha servido direito.
Como isso acontece na prática?
Imagine um profissional criativo, movido por ideias, colocado em uma função operacional, onde sua rotina é baseada em processos rígidos e tarefas repetitivas.
Ou alguém naturalmente analítico, que é forçado a lidar com ambientes caóticos e relações altamente emocionais, sem tempo para refletir ou planejar.
Ao longo do tempo, mesmo que esse profissional siga “entregando” o que é esperado, ele vai se distanciando da própria energia vital. Os resultados continuam chegando, mas à custa de um desgaste silencioso, que raramente aparece nas conversas de feedback.
O que muitas empresas não percebem é que…
Esse tipo de cansaço não se resolve com programas de bem-estar ou um happy hour no fim do mês. Ele precisa ser tratado na raiz, com uma análise real de quem está nas funções certas e quem apenas aprendeu a sobreviver nelas.
Mapear o perfil cerebral, entender o que naturalmente energiza ou drena cada colaborador e, principalmente, abrir espaço para conversas honestas sobre satisfação profissional é o caminho mais direto para evitar que o burn-on avance até o burn-out.
É possível manter a produtividade e preservar a saúde emocional?
Sim, desde que exista espaço para olhar para o que está além dos números. Equipes sustentáveis são aquelas que entregam resultados porque estão alinhadas aos seus potenciais, não apesar deles.
Quando o trabalho exige um esforço constante para “ser alguém que não se é”, a conta sempre chega, cedo ou tarde. E, infelizmente, muitas vezes, chega na forma de desligamento, perda de talentos ou afastamentos inesperados.
Cuidar da saúde emocional não é sobre diminuir a performance. É sobre garantir que ela não precise ser comprada ao custo do bem-estar.
E isso começa com uma pergunta simples, mas poderosa:
As pessoas da sua equipe estão entregando porque estão conectadas com o que fazem ou apenas porque aprenderam a funcionar no modo automático?